sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"Ladies & Gentleman: The Rolling Stones"

Mick Taylor dedilhando as cordas de sua Gibson SG

Filme capta o auge dos Rolling Stones em quatro shows no Texas em 1972


THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO (Folha de São Paulo - Ilustrada)


"Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones", finalizado em 1974, era um daqueles filmes muito comentados, mas pouco vistos. Não é mais. Acaba de sair em DVD, 36 anos depois de uma complicada e curta carreira nos cinemas americanos.

As imagens foram gravadas em quatro shows no Texas, em 1972. O palco é simples, espartano, mas o repertório é espetacular.

O grupo vinha de três discos incríveis, revigorado pela entrada do jovem e talentoso guitarrista Mick Taylor no lugar de Brian Jones.

Das 15 músicas no filme, 12 são desses álbuns. Cinco delas eram recém-lançadas, do LP duplo "Exile on Main St.": "Happy", "Tumbling Dice", "Sweet Virginia", "All Down The Line" e "Rip This Joint".

O filme usava a tecnologia Quadrasound. O áudio era direcionado para caixas acústicas nas quatro paredes das salas de exibição. Os cinemas tinham de ser adaptados para dar ao espectador a sensação de estar no meio da plateia do show.

Lançado depois de dois anos de edição, o filme fez carreira de poucos dias em sete cidades americanas.

No ano seguinte, uma edição em estéreo chegou a mais cinemas, mas fracassou. Os Stones já tinham lançado mais dois álbuns e o filme era "coisa velha".

Agora, numa revisão, o que se vê na tela é o auge da banda. Jagger e Richards estão visivelmente felizes, dominam a plateia e várias vezes dividem o mesmo microfone, numa imagem que é um símbolo do rock.

O filme fica para a história como o principal registro da passagem de Mick Taylor na banda. Com apenas 23 anos (seus colegas já eram trintões), toca uma barbaridade.

Seus solos quebram uma imagem na cabeça dos fãs, que escutavam os LPs imaginando Richards tocando.

Inevitável especular como a banda teria prolongado essa ótima fase se Jagger e Richards não "roubassem" de Taylor a música "Time Waits For No One", em 1974. Sua saída fechou um ciclo matador na vida do grupo.

LADIES & GENTLEMEN: THE ROLLING STONES
DIREÇÃO Rollin Bizzer
LANÇAMENTO ST2
QUANTO R$ 36
AVALIAÇÃO Ótimo


Nota do blog: O texto acima é sucinto e verdadeiro. Mick Taylor realmente fez parte da melhor fase dos Rolling Stones, gravando obras-primas, como "Sticky Fingers" (o disco do fecho éclair), "Goats Head Soup" (que contém a bela música "Angie") e "It's Only Rock and Roll". Tive a honra de apertar sua mão e de abraçá-lo em Natal. Sim, acreditem, Mick Taylor esteve em Natal para fazer um show que acabou não ocorrendo por picaretagem do empresário local. Mas guardo até hoje dois discos (os únicos vinis que sobraram) autografados por ele: os citados "Sticky Fingers" e "Goats Head Soup". Esse show de 1972 deve ser algo insuportavelmente excelente. Aguardemos. Valeu, Micks. Valeu, Stones.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Receita de Ano Novo" para os meus amigos



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ícone do rock experimental, Captain Beefheart morre aos 69 anos

Don Glen Vliet, conhecido como Captain Beefheart,
em um show em Toronto



Los Angeles - O roqueiro americano Don Van Vliet, conhecido artisticamente como "Captain Beefheart", morreu nesta sexta-feira (17) aos 69 anos por complicações de esclerose múltipla, informou a revista "Entertainment Weekly".

Van Vliet morreu nesta manhã em um hospital do norte da Califórnia, após permanecer vários anos preso em uma cadeira de rodas devido à doença.

A publicação citou como fonte um representante da galeria Michael Werner, de Nova York, que abrigou distintas exposições de suas pinturas.

"Don Van Vliet foi uma figura complexa e influente nas artes visuais e interpretativas", disse a galeria em comunicado. "Talvez seja mais conhecido como o incomparável 'Captain Beefheart', que, junto ao Magic Band fez sucesso na década de 1960 com um estilo único, mistura de 'blues' e 'rock and roll' experimental", acrescentou.

Segundo a entidade se trata de "um dos artistas mais originais" na história da música, que após duas décadas como compositor e artista decidiu se retirar para se dedicar totalmente ao mundo da pintura.

"Como sua música, suas exuberantes pinturas são produto de uma visão única", concluiu.

Seu disco "Trout Mask Replica" se situa no posto 58 dentro da lista dos 500 melhores discos de todos os tempos, feita pela revista especializada "Rolling Stone".

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Caxias do Sul recebe peça de Paulo Jorge Dumaresq


ESTREIA DE "CASA DE VIOLETA" EM CAXIAS DO SUL (RS)

Teatro Municipal Pedro Parenti - Agenda

Espetáculo teatral "CASA DE VIOLETA"
O espetáculo teatral "Casa de Violeta", com direção de Davi de Souza, é uma adaptação da peça "Repouso do Adônis", comédia nordestina escrita por Paulo Jorge Dumaresq. Os atores são do grupo de teatro Marcopolo.
Data Horário Ingresso

17/12 20:00 01 litro de leite

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cineasta Mario Monicelli morre ao se jogar de hospital em Roma


Quem acompanha a novela "Passione" sabe que Gemma (Aracy Balabanian) quase sempre chora e se lamenta usando uma expressão: "Parenti serpenti!". A máxima italiana sobre as agruras da convivência familiar é também o título de um dos filmes mais famosos de Mario Monicelli, morto nesta segunda (29) ao se jogar do hospital onde estava internado, em Roma. Ele nascera há 95 anos, em Viareggio, cidade litorânea da Toscana, região onde ambientou boa parte de seus filmes.

Lançado no Brasil como "Parente é Serpente" (2006), o título foi um dos últimos filmes italianos de Monicelli a fazer sucesso no circuito comercial. A minha comédia preferida em todos os tempos. Insuperável. Contava a história de uma família que, depois da morte do patriarca, se reúne na casa da mãe viúva para uma festa de Natal. Ao escutar dela que pretende vender a casa para ficar mais tempo com os filhos e os netos, os familiares entram em pânico, começam a jogar o problema uns nas costas dos outros para, finalmente, fazer o que se imaginava impossível.

  • Divulgação

    Os atores Ornella Muti e Michele Plácido em "Romance Popular" (1975), de Mario Monicelli


Monicelli era isso: o humor negro levado ao excesso, ao limite da ironia e do escárnio. Em contrapartida, podia ser terno, doce e melancólico. Ou as duas coisas ao mesmo tempo, como na série de comédias iniciada com "Meus Caros Amigos" (1975), seguida por "Quinteto Irreverente" (1982) e selada com "Caros F... Amigos" (1994). O centro dessa trilogia é um grupo de velhos amigos de escola liderados por um jornalista veterano interpretado por Phillipe Noiret que fugia da rotina do dia a dia para pregar peças nos outros e rir desbragadamente da vida. Ugo Tognazzi é o conde falido; Adolfo Celi, o médico; Gastone Moschin, o arquiteto, e Duílio Del Prete, o remediado.

Entre seus grandes sucessos, estão "O Incrível Exército de Brancaleone" (1966), com Vittorio Gassman, e "Os Eternos Desconhecidos" (1958), que além do citado Gassman, trazia ainda Claudia Cardinale, Marcello Mastroinanni e Renato Salvatori. Este último é considerado a semente da "Commedia all'italiana", um subgênero que floresceria nas duas décadas seguintes. Se algo que ligue os filmes, é o olhar carinhoso de Monicelli em relação aos personagens ridículos e patéticos que ele acreditava que faziam parte de todos nós.

Monicelli começou carreira nos anos 30, ao lado do editor Alberto Mondadori, parceiro no primeiro curta-metragem e em outros projetos. A veia humoristica foi aperfeiçoada na parceria com Steno e Totó, no fim dos anos 40 e início dos anos 50. A partir de 1953, inicia a carreira solo, que seria marcada por vários êxitos. Entre os quais, um Leão de Ouro por "A Grande Guerra" (1959), que também lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. E uma segunda indicação ao prêmio da Academia, desta vez por "Os Companheiros" (1963).

Com uma carreira prolífica e extremamente rica, não é de se espantar que Monicelli saia de cena desta maneira, surpreendendo a todos de forma trágica e com uma atitude totalmente inusitada. Se foi o desespero pelo diagnóstico de um câncer de próstata ou o cansaço de uma vida limitada será difícil saber com certeza. Talvez - e só talvez - fosse essa dúvida o efeito esperado por ele, como em um grande ato final.

sábado, 20 de novembro de 2010

O Rouxinol


Que cantará o Rouxinol
Na tarde púrpura
Prenhe de dor?
Tango? Bolero? Blues?
Ou o silêncio dos inocentes?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Três poemas de Jorge Luis Borges

Caricatura de Jorge Luis Borges



Poemas de Jorge Luis Borges



EVERNESS


Só uma coisa não há: e esta é o olvido.

Deus, que salva o metal, e salva a escória,

cifra em Sua profética memória

as luas que serão e as que têm sido.

Já tudo fica. A seqüência infinita

de imagens que entre a aurora e o fim do dia

teu rosto nos espelhos deposita

e essas que irá deixando todavia.

E tudo é só uma parte do diverso

cristal desta memória: o universo.

Não têm fim os seus árduos corredores,

e se fecham as portas ao passares;

e só quando na noite penetrares,

do Arquétipo verás os esplendores.



UM CEGO


Não sei qual é a face que me mira

quando miro essa face que há no espelho;

e desconheço no reflexo o velho

que o escruta, com silente e exausta ira.

Lento na sombra, com a mão exploro

meus traços invisíveis. Um lampejo

me alcança. O seu cabelo, que entrevejo,

é todo cinza ou é ainda de ouro.

Repito que perdi unicamente

a superfície vã das simples coisas.

Meu consolo é de Milton e é valente,

porém penso nas letras e nas rosas.

Penso que se pudesse ver meu rosto

saberia quem sou neste sol-posto.



A CHUVA


A tarde bruscamente se aclarou,

porque já cai a chuva minuciosa.

Cai e caiu. A chuva é só uma coisa

que o passado por certo freqüentou.

Quem a escuta cair já recobrou

o tempo em que a fortuna venturosa

uma flor lhe mostrou chamada rosa

e a cor bizarra do que cor tomou.

Esta chuva que treme sobre os vidros

alegrará nuns arrabaldes idos

as negras uvas de uma parra em horto

que não existe mais. A umedecida

tarde me traz a voz, a voz querida

de meu pai que retorna e não é morto.


Jorge Luis Borges


domingo, 31 de outubro de 2010

Índios brasileiros ganham formas e cores nas telas de Eric Thibault

Tela de Eric Thibault

Tela de Eric Thibault


As várias etnias indígenas brasileiras ganharam formas e cores nas telas do artista plástico franco-suiço, Eric Thibault, mais conhecido como Tibau. Todo esse esplendor estético-etnográfico pode ser conferido a partir do dia 4 de novembro, na exposição “Viagem”, na galeria de arte do Bardallo’s. O vernissage começa às 19 horas. As telas ficarão expostas até o dia 15 de novembro.

São 25 trabalhos em acrílica sobre tela, sendo 17 dedicados à expressividade do índio brasileiro. Outros cinco comprometem o olhar de Thibault para o Nordeste do Brasil. Ainda há um tríptico de três metros retratando um tigre (perigo), Lampião e Maria Bonita e duas gaivotas (paz). Thibault explica que todos os trabalhos foram produzidos em um período de três anos. O preço dos quadros varia entre R$ 200,00 e R$ 500,00.

Para retratar os habitantes genuinamente brasileiros, Thibault confessa que não foi a campo, embora tenha morado em Belém do Pará com sua primeira esposa. Ao contrário dos artistas batavos Albert Eckhout e Frans Post, trazidos pelo príncipe Maurício de Nassau para registrar os indígenas do Nordeste brasileiro em suas terras, Thibault valeu-se de livros e da internet para eternizar os silvícolas em quadros.

O diferencial de Thibault é a inserção de elementos, como plumas e a flor da papoula, no corpo dos índios, mas sem descaracterizá-los. Caiapó, carajá, ianomâmi, krahô, kuikuro, pataxó, tucano, tupinambá e xavante são algumas das etnias retratadas nas telas de Thibault, além de vaqueiros tipicamente nordestinos.

Ressalta o artista plástico Franklin Serrão que Thibault é um militante da arte figurativa. Suas cores harmônicas e quentes são elogios aos trópicos, ao Brasil e à sua alegria. Prossegue Serrão: “A linguagem de Tibau é original e autêntica. Eric é um grande artista cosmopolita. Sorte do Rio Grande do Norte por tê-lo em nossos quadros”. Conforme o administrador do Forte dos Reis Magos, Pedro Abech, “a sensibilidade da ingenuidade mostra a nobreza da obra viva que resplandece em forma de cores límpidas na obra de Eric Tibau”.

Histórico

De pai suíço e mãe francesa, Eric Thibault nasceu em Paris em 20 de dezembro de 1960. Cresceu entre a França e a Suiça, até optar pelo país de Guilherme Tell para viver. Thibault conheceu o Brasil em 1986 e Natal em 1989. Conseguiu a permanência definitiva no país em 1991. Para Natal, mudou-se definitivamente em 2004, residindo atualmente em Tabatinga.

Entre 1975 e 1978, Thibault estudou na Escola Cantonal de Belas Artes e Artes Aplicadas, em Lausanne, Suiça, além de ter realizado cursos de computação gráfica com especialização em Adobe Illustrator, Photoshop e Macintosh, nas cidades de Sion e Lausanne. Thibault trabalhou também em dez edições do Festival de Jazz de Montreaux, exercendo diversas funções.

Ainda na Suiça, o artista conquistou o quarto lugar no Concurso de Outdoor do Festival Open-Air (Pàleo Festival Nyon), em 1991, e a segunda colocação no mesmo festival em 1997. No Rio Grande do Norte, Thibault participou da Exposição dos Excluídos, na Pinacoteca do Estado, em 2006, e expôs no Espaço Cultural Calígula, na praia da Pipa, em 2007. “...Mensagem” ganhou as paredes da Pinacoteca do Estado também em 2007. Neste mesmo ano, seus quadros foram expostos na galeria de arte do Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. O artista participou ainda do Salão Abraham Palatnik (2007/2008) e do III Salão da Marinha em 2010. Desde 2007, Thibault integra a Associação dos Artistas Plásticos Potiguares (AAPP).

SERVIÇO:

Abertura da exposição “Viagem”, de Eric Thibault.
Local: Bardallo’s Comida & Arte. Rua Gonçalves Lêdo, 678. Cidade Alta.
Data: 4 de novembro de 2010.
Hora: 19h.
Período de visitação: 5 a 15 de novembro de 2010.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES



III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES – III EPE


De 26 a 28 de outubro de 2010


Coordenador Geral:

Eduardo Antonio Gosson


Coordenadores Adjuntos:

Aluízio Mathias

Carlos Roberto de Miranda Gomes

Francisco Alves da Costa Sobrinho

Maria Rizolete Fernandes

Paulo Jorge Dumaresq


Comissão de Divulgação

Cid Augusto

Carla Sousa (Assessoria de Imprensa)

Nelson Patriota (Diretor de Divulgação)

Francisco Alves da Costa Sobrinho

Paulo Macedo

Paulo Jorge Dumaresq

Lívio Alves Oliveira

Jania Maria de Souza

Lucia Helena Pereira

Maria Vilmaci Viana

J. Pinto Júnior


Local: Auditório da livraria Siciliano (G5), no shopping Midway Mall

Data: 26 a 28 de outubro de 2010

Hora: 10h às 18h.


III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES


PROGRAMAÇÃO


26.10.10, terça-feira:


10h – Abertura Solene

(Eduardo Gosson – Presidente da UBE/RN)

11h30 – Jornalismo Político ontem e hoje

(Agnelo Alves e Ticiano Duarte)

Moderador: J.Pinto Júnior

15h – Nossa Editora: uma proposta editorial

(Pedro Simões)

16h - Três leituras sobre o Dilúvio: Gênesis, Miguel Torga e Machado de Assis

Araceli Sobreira Benevides

17h – Cultura Mossoroense em Questão

(Crispiniano Neto, Caio César e Clauder Arcanjo)

Moderador: Cid Augusto

18h30 – Lançamentos de livros e sarau com a Academia de Trovas RN (Coordenação José Lucas de Barros)


27.10.10, quarta-feira:


10h – Centenário de Américo de Oliveira Costa

( Anna Maria Cascudo, Nelson Patriota e João Eduardo de Carvalho Costa)

Moderador: Jurandyr Navarro

11h30 – Jornalismo Cultural: ontem e hoje

(Cinthia Lopes e Sergio Vilar)

Moderador: Eduardo Gosson

15h – Contribuição dos dramaturgos nordestinos para o Teatro Brasileiro

(Clotilde Santa Cruz Tavares, Henrique Fontes e Racine Santos)

Moderador: Sonia Othon

16h30 – Projeção do conto de José Saramago – A Maior Flor do Mundo

16h35 - Literatura Infantil Potiguar

(Bartolomeu Melo, Jânia Souza e Nivaldete Ferreira)

Moderador: Aluízio Mathias

18h - Lançamentos literários e sarau com a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (Coordenação Geralda Efigênia)


28.10.10, quinta-feira:


10h – A Importância dos Estudos Genealógicos

(Ormuz Simonetti, Clotilde Santa Cruz Tavares, Antônio Luís de Medeiros e Joaquim José de Medeiros Neto )

Moderador: Carlos Gomes

11h30 – Debate da Rede Nordeste da Literatura, do Livro e da Leitura.

( Mileide Flores, Rosemary Guillén e Rildeci Medeiros)

Moderador: Francisco Alves da Costa Sobrinho

15h - Compra do livro regionalizado no Nordeste

Informes sobre a Feira do Livro de Frankfurt 2013

(Tarciana Portela, Mileide Flores e Crispiniano Neto)

Moderador: Roberto Azoubel

16h30 – Madelena Antunes no Contexto da Literatura Potiguar

(Lucia Helena Pereira)

17h30 – A Nova Poesia do Seridó

(Iara Maria Carvalho, Wescley J. Gama e Ana Lúcia Henrique)

Moderador: Geralda Efigênia

18h30 – Lançamentos de livros e sarau com o grupo Casarão de Poesia

Coordenação: Aluízio Mathias

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Céu


O Céu se reinventa despetalando-se em nuvens.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E ASSIM EM NÍNIVE

Poeta, músico e crítico norte-americano, Ezra Pound (1885-1972)


E ASSIM EM NÍNIVE


"Sim! Sou um poeta e sobre minha tumba

Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas

E os homens, mirto, antes que a noite

Degole o dia com a espada escura.

"Veja! não cabe a mim

Nem a ti objetar,

Pois o costume é antigo

E aqui em Nínive já observei

Mais de um cantor passar e ir habitar

O horto sombrio onde ninguém perturba

Seu sono ou canto.

E mais de um cantou suas canções

Com mais arte e mais alma do que eu;

E mais de um agora sobrepassa

Com seu laurel de flores

Minha beleza combalida pelas ondas,

Mas eu sou poeta e sobre minha tumba

Todos os homens hão de espalhar pétalas de rosas

Antes que a noite mate a luz

Com sua espada azul.

"Não é, Ruaana, que eu soe mais alto

Ou mais doce que os outros. É que eu

Sou um Poeta, e bebo vida

Como os homens menores bebem vinho."

(tradução de Augusto de Campos)




segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amor feinho

A poetisa mineira Adélia Prado


AMOR FEINHO



Eu quero amor feinho.


Amor feinho não olha um pro outro.


Uma vez encontrado, é igual fé,


não teologa mais.


Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo


e filhos tem os quantos haja.


Tudo que não fala, faz.


Planta beijo de três cores ao redor da casa


e saudade roxa e branca,


da comum e da dobrada.


Amor feinho é bom porque não fica velho.


Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:


eu sou homem você é mulher.


Amor feinho não tem ilusão,


o que ele tem é esperança:


eu quero amor feinho.


ADÉLIA PRADO

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Blues


Um blues

Uma nota triste

Todo sentimento.

Um cigarro aceso

Acesso de tosse.

O olhar vago

Anunciando desenlace.

Melancolia

Na vaga da paixão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Manhã à janela (T.S. Eliot)

Poeta, dramaturgo e tradutor T.S. Eliot


MANHÃ À JANELA



Há um tinir de louças de café

Nas cozinhas que os porões abrigam,

E ao longo das bordas pisoteadas da rua

Penso nas almas úmidas das domésticas

Brotando melancólicas nos portões das áreas de serviço.

As ondas castanhas da neblina me arremessam

Retorcidas faces do fundo da rua,

E arrancam de uma passante com saias enlameadas

Um sorriso sem destino que no ar vacila

E se dissipa rente ao nível dos telhados.



(Tradução: Ivan Junqueira)



MORNING AT THE WINDOW



They are rattling breakfast plates in basement kitchens,

And along the trampled edges of the street

I am aware of the damp souls of housemaids

Sprouting despondently at area gates.

The brown waves of fog toss up to me

Twisted faces from the bottom of the street,

And tear from a passer-by with muddy skirts

An aimless smile that hovers in the air

And vanishes along the level of the roofs.



T.S. Eliot (1888-1965)

sábado, 21 de agosto de 2010

Teatro brasileiro sofre xenofobia em Londres

Foto da peça "Doce Outono", da Cia. Teatro da Curva - conferida pelo blog ano passado em Sampa



SOBRE O OCORRIDO EM LONDRES
Queridos amigos,



Há aproximadamente 6 meses, a nossa Companhia – Teatro da Curva – recebeu um convite do Camden Fringe Festival, de Londres, para apresentar o espetáculo “Otimismo”, de Voltaire, adaptação de Ralph Maizza. Estreamos esse espetáculo em 2008 e ao longo de 2 anos fizemos 3 temporadas. Esse convite representou a expansão e coroação de um espetáculo realizado com poucos recursos, mas com muita dedicação, profissionalismo e amor. Durante esses 6 meses, trabalhamos continuamente e intensamente no levantamento de recursos afim de financiar a nossa viagem, visto que não haveria remuneração financeira, e sim apenas o intercâmbio cultural. Levantamos a verba necessária e adaptamos o nosso espetáculo para atender às necessidades do público inglês, de forma a proporcionar uma ampla compreensão do texto encenado, sem que o mesmo perdesse a sua essência.


Enfim, reunimos toda a documentação necessária de acordo com a legislação da imigração inglesa e seguindo orientação do Festival, que inclusive nos enviou uma carta convite, constando o nome de todos os envolvidos, para que a mesma fosse apresentada na imigração. Nos endividamos, recebemos o apoio de amigos, familiares e classe artística, e embarcamos rumo à concretização dos nossos sonhos e expectativas. Após uma longa viagem de 12 horas, chegamos cansados, porém muito empolgados e felizes, em solo inglês. Num primeiro momento, fomos recebidos cordialmente pelos agentes da imigração inglesa. Apresentamos todos os documentos necessários, demos as devidas explicações e fomos sinceros e claros quanto aos nossos objetivos em território inglês. Entregamos ao oficial nossos passaportes, a carta convite, as passagens de ida e de volta, o endereço no qual ficaríamos hospedados com carta de acomodação e informamos o quanto possuíamos em libras, quantia essa mais do que suficiente para bancar a nossa permanência em Londres durante os 10 dias de viagem.


Enquanto o oficial da imigração checava toda a documentação apresentada, fomos conduzidos a outra sala, onde nos revistaram e também as nossas bagagens, tudo de maneira cordial, porém, com algumas perguntas evasivas e atitudes invasivas (como, por exemplo, pedir para traduzir a carta de “boa viagem” da mãe de um dos atores, entre outras violações). Após 5 horas de espera, sendo ludibriados pelos oficiais da imigração, que nos diziam tudo aquilo se tratar de procedimento padrão para que pudéssemos entrar em território inglês, fomos comunicados da nossa inadmissão naquele país. A imigração alegou que não poderíamos entrar, pois não se tratava de um festival que possuía registro oficial e, portanto, o mesmo não tinha o direito de nos convidar.


Sendo assim, necessitávamos de um visto de trabalho. No entanto, segundo cláusula do site de imigração londrina (no qual não consta a lista de registro dos Festivais Oficiais), é permitida a entrada no país de turistas e artistas para mostrarem o seu trabalho temporariamente, num período de 10 dias, não necessitando do visto de trabalho, já que não há remuneração. Mesmo sem o direito da palavra, dissemos isso ao oficial da imigração que, com muito cinismo e prepotência, nos replicou que poderíamos entrar como turistas, porém não naquele dia e, se quiséssemos, poderíamos voltar no dia seguinte. Ainda assim, manifestações, e pessoas do festival estavam no aeroporto tentando falar com a imigração para confirmar a veracidade das nossas informações, a falha de um documento complementar por parte do festival, bem como explicar que a nossa situação era completamente legal. A imigração, com seu radicalismo e xenofobia, não permitiu que essa comunicação fosse efetuada. A partir desse momento, a cordialidade dos oficiais ingleses transformou-se em uma hostilidade injusta e inadequada, já que estavam lidando com artistas (turistas) com documentação legal, que não haviam cometido nenhum delito. Digitais (mãos inteiras) e fotos foram tiradas de todos, e o direito de réplica nos foi negado de maneira estúpida e ameaçadora. Nos revistaram novamente, mas dessa vez de maneira agressiva. Nenhuma explicação.


Agentes da segurança foram chamados para impedir qualquer manifestação da nossa parte, que apenas desejava conversar e entender o ocorrido. O pedido de tomar banho, trocar de roupas ou mesmo de fumar um cigarro foi negado rudemente, bem como a comunicação com a nossa produtora local. Os celulares foram apreendidos para que não tirássemos fotos. Em seguida, fomos escoltados por um grupo de seguranças até o momento de entrada no avião, cuidando para que não abríssemos as bagagens. Nos cercaram na zona de embarque na frente de todos os passageiros, até que os mesmos entrassem no avião. Nos sentimos envergonhados e acuados, e enquanto embarcávamos de volta, os seguranças ingleses nos davam um “tchauzinho” cínico e um sorriso sarcástico.


É importante registrar o quanto foi saudosa a recepção da tripulação da TAM, assim como a reação dos passageiros à nossa volta, bem como a calma e solidariedade da Policia Federal ao chegarmos no Brasil. Com relação à falha da documentação complementar que não foi emitida pelo festival (registro), o grupo já está tomando as devidas providências. Vale ressaltar que tal falha do festival não tornava a nossa condição ilegal para que pudéssemos, de alguma forma, entrar em solo “shakespeareano”.


Escrevemos essa carta para o esclarecimento dos fatos, para que não haja dúvidas e tampouco distorções a respeito do ocorrido. Sobretudo, colocamos aqui que o objetivo não é o ressarcimento financeiro, e sim a expressão de nossa tristeza, indignação e sensação de impotência, visto que nos sentimos envergonhados sem termos feito nada de errado, bem como nos sentimos fracassados e humilhados sem termos falhado. Não é possível descrever o sentimento de rejeição e injustiça gratuita que experienciamos. No mais, acima de tudo, queremos fazer jus a nossa dignidade. Chegou a hora de lutarmos efetivamente contra a xenofobia, bem como reivindicar nossos direitos de cidadãos do mundo e artistas.


Abraço a todos,


Teatro da Curva


Celso Melez, Didio Perini, Flávia Tápias, Leandro D’Errico, Mariana Blanski, Ralph Maizza, Reynaldo Thomaz, Ricardo Gelli, Tadeu Pinheiro e Walter Figueiredo.
Palavra do blog: Cada vez mais a civilização anda de mãos dadas com a barbárie. Fiz questão de postar essa carta, primeiro, porque todos nós estamos sujeitos a esse tipo de procedimento da polícia inglesa que matou Jean Charles. Uma lástima. Segundo, sou dramaturgo e conferi ano passado no Espaço I dos Sátyros, na Praça Roosevelt, no coração de São Paulo, a ótima peça "Doce Outono", da Cia. Teatro da Curva. A peça é dividida em três episódios, cada um com duração de 20 minutos. Teatro na sua essência, sem cenário suntuoso nem figurinos espalhafatosos. O endereço do blog da companhia é teatrodacurva.blogspot.com Quem quiser prestar solidariedade é essa a hora. Beijos.

domingo, 15 de agosto de 2010

Na moral


O murro do deputado na mesa do governador
alegrou o garçom com salário três meses atrasado.
Afinal, sentiu-se quase vingado.
Melhor teria sido um tiro nas fuças.
Por conta do calote, o garçom perdera a casa
financiada pela Caixa, a mulher e a moral.
Agora, consolava-o o fato de ter sido testemunha do
destempero parlamentar.
Atitude de um pobre de espírito.
Antes do cachimbo da paz ser fumado entre os correligionários,
separados por maços de dinheiro público,
o garçom retirou-se sorrateiramente para cheirar
rapé no fétido banheiro palaciano.
Decerto o suco de maracujá servido acalmaria os ânimos
exaltados no gabinete governamental.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Moinhos vulneráveis

Obra "Moinhos ao vento" , óleo sobre tela (2007), de Carlos Godinho




O vento frágil de segredos
Confessava engenhos banais
Gerados no esforço atlântico
Dos moinhos vulneráveis

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Céu seu ser



Nuvens pássaras deslocam-se em noite arbitrária
Tingindo com manchas plúmbeas o céu seu ser...

sábado, 31 de julho de 2010

"Be bop baby" de Mário Bortolotto

Lendário trompetista Dizzy Gillespie em foto de 1947


BE BOP BABY

Qual é a do trompetista
que dança de um jeito engraçado
que não sabe olhar o cardápio
que sempre perde no jogo de dados
e sempre canta a mulher errada
Qual é a do trompetista
que tem um gato gordo
que expele perdigotos
e não mede esforços
pra ser expulso do clube
Qual é a do trompetista
que dichava uns bops
e num golpe de sorte
ganhou uma passagem pra Miami
de uma loira peituda metida a madame
Qual é a do Negão
cheio de chinfra
dando uns tecos no orelhão da esquina
chamando gambé de “meu truta”
passando na cara um bando de puta
Qual é a do sacana escolado
mandando um ácido
passando um cagaço
no meio da viagem
jogando copos contra a parede
Afinal qual é a dele?

Qual é a do sujeito triste
mamado de whisky
chorando sozinho
tocando esse jazzinho
que só não me rasga o peito
porque já descobri que sou assim
torto e errado
meio whisky batizado
pó malhado de pirlimpimpim
Pra vocês meus amores
pra toda a vida e todo o sempre
O pior de mim
Mário Bortolotto

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Outras palavras

A intenção da música é homenagear a palavra, mais especificamente as possibilidades sem fim da língua portuguesa, reinventando-a. Como um Rosa pop, pós-moderno ou contemporâneo, escreve Caetano: "Ouraxé" nas "palávoras" pode "orgasmaravalha-me". Que tal vocês?

Outras palavras

(Caetano Veloso)

Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca

Travo, trava mãe e papai, alma buena, dicha louca

Neca desse sono de nunca jamais nem never more

Sim, dizer que sim pra Cilu, pra Dedé, pra Dadi e Dó

Crista do desejo o destino deslinda-se em beleza:

Outras palavras

Tudo seu azul, tudo céu, tudo azul e furta-cor

Tudo meu amor, tudo mel, tudo amor e ouro e sol

Na televisão, na palavra, no átimo, no chão

Quero essa mulher solamente pra mim, mais, muito mais

Rima, pra que faz tanto, mas tudo dor, amor e gozo:

Outras palavras

Nem vem que não tem, vem que tem coração, tamanho trem

Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim

E fora de mim

quando você parece que não dá

Você diz que diz em silêncio o que eu não desejo ouvir

Tem me feito muito infeliz mas agora minha filha:

Outras palavras

Quase João, Gil, Ben, muito bem mas barroco como eu

Cérebro, máquina, palavras, sentidos, corações

Hiperestesia, Buarque, voilá, tu sais de cor

Tinjo-me romântico mas sou vadio computador

Só que sofri tanto que grita porém daqui pra a frente:

Outras palavras

Parafins, gatins, alphaluz, sexonhei da guerrapaz

Ouraxé, palávoras, driz, okê, cris, espacial

Projeitinho, imanso, ciumortevida, vivavid

Lambetelho, frúturo, orgasmaravalha-me Logun

Homenina nel paraís de felicidadania:

Outras palavras