sexta-feira, 25 de junho de 2010

Marmaremarmaré


Marmaremarmaré
- meio de vida e de morte.

Até onde a vista alcança
o infinito é o mar
- maré de excessos
que se consomem
no fluxo/refluxo das águas
ante meu humilde espanto.

sábado, 19 de junho de 2010

Uma copa sem Zidane

Zidane comemora gol da França
Uma copa sem Zinedine Zidane é como “futebol sem bola”. Já faz algum tempo que o último gênio do esporte mais popular do mundo deu adeus aos campos. Ficou o vazio nos gramados e, especialmente, na Copa do Mundo da África do Sul. Ver Zidane jogar era um espetáculo para os olhos. Um prazer inenarrável. Quase um orgasmo. A categoria, a técnica, o élan e o estilo fizeram Zizou figurar na lista dos deuses do futebol, ao lado de Pelé, Garrincha, Gerson, Rivelino, Beckenbauer, Cruyff, Zico, Platini, Maradona e Romário, para ficar nesses nomes.

O estilo faz o atleta. E o atleta Zidane fez estilo ao desmontar defesas, aplicar dribles desconcertantes, dar passes certeiros e concluir jogadas em gol com incomum categoria. Habilidades raras em jogadores na Copa da África do Sul. Dá pena e raiva atletas medianos como Kaká, Messi, Drogba, Podolski, Pirlo serem endeusados pela crônica esportiva. A esses jogadores falta o plus, o algo a mais, o pulo do gato que Zidane e citados no primeiro parágrafo sabiam dar como ninguém.

Não foram os dois gols contra o Brasil na Copa da França (1998), o chapéu em Ronaldinho carioca na Alemanha (2006), nem o cruzamento para Thierry Henry estufar as redes de Dida ainda naquela fatídica quarta de final – para o Brasil – em Frankfurt, que consagraram Zidane como o maior jogador francês da história. Nada disso. Foi, sim, o conjunto da obra que o tornou um gênio dentro de campo. Repito: o estilo faz o atleta.

Na Copa do Mundo da mediocridade, como a africana, salta aos olhos a ausência na cancha de jogo de um atleta superior da estirpe do franco-argelino Zizou, craque como o fora na literatura o seu compatriota Albert Camus, um dos ícones do existencialismo no romance e na dramaturgia. Ver Zidane conversando com Platini na humilhante derrota da França para o México, nesta Copa, por dois a zero, foi remontar a duas fases de ouro do futebol francês na segunda metade do Século 20.

Como o tempo não volta, resta a mim e a milhões de fãs do futebol-arte de Zinedine Zidane contentarmo-nos com os VTs dos seus lances e gols geniais postados à farta no YouTube, pois para um atleta especial como Zidane o futebol não combina com amadorismo e burocracia tática. Futebol é para quem soube/sabe fazer o nome e entrar para a história. Deus guie Zizou fora dos gramados e salve a Copa da África do Sul de um vexame ainda maior.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O combinado

"O bebedor de Absinto", de Edgar Degas
Dia desse desenxabido resolvi seguir o conselho de uma amiga e não hesitei em provar um combinado que ela disse tratar-se de uma mistura de Fluoxetina e Absinto. Do Absinto, amigo e inseparável, sabia das propriedades e do sabor. Da Fluoxetina, nonada. “São” Google resolveu a questão. Agora, sei que o medicamento de nome esquisito é um ansiolítico e antidepressivo, comercializado durante anos com o nome de Prozac. Blá-blá-blá.
Tomei o combinado e chamei o elevador. No andar inferior, entrou um casal com uma criança... sem olhos. Até aqui, tudo normal, pois eu não mais distinguia a realidade da fantasia e o real do imaginário. Achei muito criativo quando a criança enfiou dois lápis coloridos nos orifícios oculares, o que me levou a crer que estava diante de Dona Baratinha.

Elevador no térreo, cumprimentei a família e saí do prédio sem rumo para flanar. O lance maior era curtir o barato. Logo, começaram a passar por mim pessoas normais, como o homem com duas cabeças, a mulher serpente, um cachorro que voava e formigas gigantes que devoravam pés inteiros de centenários Ficus benjamina. Bacana era ver a Medusa e a Hidra de Lerna fazendo palavras cruzadas no pino do meio-dia, na Avenida Central. Encantou-me o esoterismo dos dois seres mitológicos e o inusitado da situação.

Ao caminhar ao longo da extensa Avenida vi uma galé com suas dezenas de remos de centopeia navegando próximo a mim num mar plúmbeo sem as brancas ondas. Sorri e respondi ao aceno dos políticos que mesmo presos aos grilhões fingiam felicidade. Chegando à esquina, deparei-me com uma bela mulher... sem cabeça. Fiquei estupefato com o charme, desenvoltura e elegância daquele colosso feminino. Hum, pensei comigo, quem sabe não é chegada a hora de retomar as atividades romântico-amorosas.

Investi meu latim num xaveco até, certo ponto, decente, e consegui levar a mulher misteriosa para o matadouro público. Lá não havia sangue, nem fezes de animais abatidos. Era tudo muito limpo, asséptico e, diria, assustador. Comecei a envolver-me com a bela dona sem cabeça, quando senti a deusa cravar os dentes no meu pescoço. Sim, eu havia conquistado uma vampira. A dor foi intensa, a ponto d’eu sair correndo daquele lugar sombrio, decepcionado com o desfecho da minha conquista amorosa.

Abatido, continuei meu périplo pelas ruas da cidade movido a Fluoxetina com Absinto. Nunca mais consegui discernir realidade de fantasia, real do imaginário. Viajar é preciso, e foi nisso que passei a acreditar quando tomei o combinado. O mundo era meu e isso ninguém podia me negar ou tirar. Nem me mandando para a galé.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Peça "Repouso do Adônis" reestreia dia 14 de junho em Ilhéus (BA)

Cartaz da peça "Repouso do Adônis", de Paulo Jorge Dumaresq

A comédia Repouso do Adônis é ambientada em bordel decadente de cidade de pequeno porte situada no interior do Estado do Rio Grande do Norte. Aborda a questão do poder e de seus desdobramentos no universo sócio-cultural da região. A secular relação opressor/oprimido é apresentada como modelo fidedigno da cultura nordestina desde a fase de colonização da região.
O enredo tem início quando o Delegado Antão, ao saber que Dona Violeta, proprietária do Repouso do Adônis, hospeda sobrinha no estabelecimento, passa a chantagear a cabareteira com o intuito de possuir a adolescente Glória. Por seu turno, Violeta faz acordo com o boêmio e desocupado Sevé, no sentido de desmascarar o Delegado.
Sevé recorre a seu amigo Cosme, que se faz passar por Glória, pondo em conflito o Delegado e sua esposa Socorro. Desmoralizado o Delegado, Sevé, astutamente, foge com Glória, proporcionando um fim inusitado à peça. Da trama, ainda participam a prostituta Prazeres, fiel escudeira de Violeta, e a travesti Dadá.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

Exposição "Futebol & Arte" será aberta amanhã no Bardallo’s

Obra "Movimentação na Grande Área", de Ricardo Bahia, faz parte da coletiva
De quatro em quatro anos a Copa do Mundo de Futebol mexe com a emoção do brasileiro declaradamente apaixonado pelo esporte mais popular do país. De olho no Campeonato Mundial, o Bardallo’s Comida & Arte convocou 11 craques das artes plásticas natalenses para exporem na sua galeria. A abertura da exposição “Futebol & Arte” ocorrerá amanhã,10, véspera do início dos jogos da Copa da África do Sul, às 20 horas, e ficará aberta ao público até o dia 30 deste mês.
O time de craques do Bardallo’s está escalado com Afonso Martins, Fernando Galvão, Gilson Nascimento, Iguatemy, Marcelus Bob, Ricardo Bahia, Rita Machado, Roberto Medeiros, Vinicius Dantas, Wagner de Oliveira e Walderedo.

A ideia do “técnico” e proprietário do Bardallo’s, Lula Belmont, surgiu há quatro anos, em virtude da Copa do Mundo na Alemanha, em 2006. Agora, o escrete está renovado, com a convocação de Rita Machado, Roberto Medeiros, Vinicius Dantas e Wagner de Oliveira, para ficar nessas revelações.

“A proposta da exposição é homenagear o futebol no seu grande momento que é a Copa do Mundo, promovendo uma tabelinha com as artes plásticas, além de abrir espaço para os onze artistas mostrarem seu trabalho e seu valor”, assinalou Lula Belmont.

Jão MeuBem e Ugo Senhagah animam o vernissage

No mesmo espaço, dia e horário da abertura da exposição “Futebol & Arte”, os DJs, pesquisadores musicais e colecionadores de discos de vinil, Jão MeuBem e Ugo Senhagah, do projeto Samba Ben Futebol Clube, animarão o vernissage tocando músicas de referências futebolísticas.

Amantes da música e do futebol, eles perceberam que o esporte é um tema recorrente à música brasileira. Resolveram, então, aproveitando a proximidade da Copa do Mundo, promover reuniões musicais futebolísticas, selecionando discos raros de vinil, filmes de todos os Campeonatos Mundiais e documentários sobre futebol.

Dentro do repertório, a dupla apresenta Pixinguinha (1x0), Jackson do Pandeiro (1x1), Luiz Gonzaga (Siri Jogando Bola), Gonzaguinha (Se Meu Time Não Fosse Campeão), Jorge Ben (Goleiro, Zagueiro, Fio Maravilha, Umbabarauma, Camisa 10 da Gávea), Chico Buarque, (O Futebol), Moreira da Silva (Pé e Bola), Elis Regina (Meio de Campo) e Dosinho (O Mais Querido), entre tantos outros grandes nomes menos conhecidos da nossa música.

Samba Ben Futebol Clube é uma menção a Jorge Ben, a maior referência da música futebolística no Brasil, e ao samba, o gênero que mais tocou o futebol. Enquanto os vinis rodam, numa tabelinha de toca-discos, imagens de copas antigas serão projetadas, mostrando a arte do futebol em todos os tempos.

O Bardallo’s Comida & Arte funciona de terça a domingo, na rua Gonçalves Lêdo, 678, na Cidade Alta. A exposição “Futebol & Arte” poderá ser visitada de 12h às 23h, vez que o bar abre para almoço.

SERVIÇO:

O quê? Abertura da exposição “Futebol & Arte”.
Onde? Bardallo’s Comida & Arte.
Quando? 10 de junho de 2010.
Hora? 20h.
Entrada gratuita.

CONTATOS:

Lula Belmont – 3211.8589/94094440.
Paulo Jorge Dumaresq – 99535846.