terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poema de Nivaldete Ferreira com ilustração de Diotima de Mantinea


Tsen-Mei,

Não lhe conheço "Aldeia de Kiang"

Nem sei se fumaças de guerra

Embaçam os óculos de Deus.

Não sei algoritmo ou algum ritmo

Que sirva à dança estática de um só

Nem se no espelho Platão é Diotima.

Não sei o que concerne ao saber

Do saber do afogado

Nem o harmatã da tarde áfrica

Nem "Guipura" e "Fierabras".


Mas sei: a poesia abrindo as largas

Mandíbulas do Calado

No claro-escuro vão dos ditos


-Sombra e luz,

Essas coisas fêmeas

Essas coisas gêmeas

De que são feitos todos os poemas.


Nivaldete Ferreira

(in Trapézio e outros movimentos, 1994)

Um comentário:

  1. Oh, mas ficou muito bonito com essa ilustração... Incrível que você a tenha conseguido. Obrigada pela gentileza. Um abraço.

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