Beco da Quarentena
Eras a mandíbula do rio-mar
Que devorava navios e marinheiros nas cálidas noites da cidade baixa.
No mundo cão de sífilis, gonorreia e cancro-mole
Alongavas teus tentáculos de carne viva
Para subjugar malandros, meretrizes, cafetões e meganhas.
Com tuas portas agora emparedadas,
Nega-te para o presente.
Eras a mandíbula do rio-mar
Que devorava navios e marinheiros nas cálidas noites da cidade baixa.
No mundo cão de sífilis, gonorreia e cancro-mole
Alongavas teus tentáculos de carne viva
Para subjugar malandros, meretrizes, cafetões e meganhas.
Com tuas portas agora emparedadas,
Nega-te para o presente.
Desfuturo.
Na quarentena das horas
Recusas a própria existência
Consumindo, doente e siderado,
Crack e monóxido de carbono.
Beco da Quarentena - mata-me de gozo por todos nós.
Na quarentena das horas
Recusas a própria existência
Consumindo, doente e siderado,
Crack e monóxido de carbono.
Beco da Quarentena - mata-me de gozo por todos nós.
E que belo beco não terá sido outrora!
ResponderExcluirGrande poesia!
Um abraço!
Poema forte, forte. Uso aqui uma categoria estética só empregada (até agora...) na pintura: expressionista.
ResponderExcluirUm abraço.
Após tantos vícios, cios e ofícios, uma quarentena é quase uma oportunidade de reunir as forças para começar de novo. Exceto quando da poesia, que essa, por aqui, é constante.
ResponderExcluirAbraços!
"Alongavas teus tentáculos de carne viva
ResponderExcluirPara subjugar malandros, meretrizes, cafetões e meganhas." Nossa, Paulo, muito forte! É o famoso beco da Lama? Abraço
Tétis, é o Beco da Quarentena, na velha Ribeira de guerra, passagem entre as ruas Frei Miguelinho e Chile. Abração.
ResponderExcluirEntão certamente eu já tenha passado por lá (ou por perto), mas sem desconfiar de sua mandíbula devoradora. rs Bjao
ResponderExcluirviajei no poema, paulo...
ResponderExcluircheguei a sentir o heiro da urina dos marinheiros... misturada à maresia que vinha "encanalada" do atlêntico... acho que a foto deu uma "forcinha", se é que me entende.
doida demais essa sensação provocada pelo poema.
estive em natal uma vez. uma única vez.
achei a cidade linda.
linda, linda.
Sem dúvida, Roberto.
ResponderExcluirNatal é um paraíso.
Pena que políticos e empreiteiros inescrupulosos a maltratem de forma devastadora.
Mas a cidade vai resistindo.
Abraços.
Meu caro,
ResponderExcluirquando o conheci, nos anos 60, já era um beco decadente. Mas ainda conservava um certo charme.
Abraços.
Exce
ResponderExcluirlente.