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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Manhã à janela (T.S. Eliot)
MANHÃ À JANELA
Há um tinir de louças de café
Nas cozinhas que os porões abrigam,
E ao longo das bordas pisoteadas da rua
Penso nas almas úmidas das domésticas
Brotando melancólicas nos portões das áreas de serviço.
As ondas castanhas da neblina me arremessam
Retorcidas faces do fundo da rua,
E arrancam de uma passante com saias enlameadas
Um sorriso sem destino que no ar vacila
E se dissipa rente ao nível dos telhados.
(Tradução: Ivan Junqueira)
MORNING AT THE WINDOW
They are rattling breakfast plates in basement kitchens,
And along the trampled edges of the street
I am aware of the damp souls of housemaids
Sprouting despondently at area gates.
The brown waves of fog toss up to me
Twisted faces from the bottom of the street,
And tear from a passer-by with muddy skirts
An aimless smile that hovers in the air
And vanishes along the level of the roofs.
T.S. Eliot (1888-1965)
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Lindo... E calmo como os primeiros movimentos do dia (à janela)
ResponderExcluir"Um sorriso sem destino que no ar vacila
E se dissipa rente ao nível dos telhados"
Lindo mesmo!
Beijos...
Um olhar pelo dia manhã-afora, prenúncio de de uma Terra Devastada. Um olha que não se contenta em ver, mas interage, denunciando. Ótima tradução do Ivan. Vc sabe bem que agulha inserir na canalma do mundo.
ResponderExcluirUm forte abraço!
Ai, Paulo Jorge...
ResponderExcluirSou louca por T.S.Eliot!
(Abril é o mais cruel dos meses...)
Que maravilha este "Manhã à janela"...
Que imagem maravilhosa esta do sorriso sem destino, da passante com saias enlameadas...
Só mesmo um gênio para produzir algo assim!
E você, meu amigo, sempre me enriquece com suas postagens!
Muito grata!
Enorme abraço da
Zélia
Deve ser assim que o olhar de um poeta à janela injeta lastro de memória e permanência na face fugidia das coisas ou detém a fuga da paisagem.
ResponderExcluirUm grande abraço, e felicidades, Paulo Jorge!
Importante sua presença, Pólen.
ResponderExcluirComentário pertinente e grávido de vivacidade.
Abração.
Wilson, és sábio.
ResponderExcluirÉs ás da palavra.
Forte abraço.
Satisfação tê-la aqui, Zélia.
ResponderExcluirEliot é o Mago das palavras.
Candidato a gênio.
Obrigado pela visita e ótimos dias.
Marcantonio, sábias palavras de um filósofo do seu lastro.
ResponderExcluirGrandes dias.
PASSARINHO
ResponderExcluirEu sou livrinho.
Não um livro
pequeno,
mas um pequenino
menino:
- Livre.
Oswaldo Antônio Begiato
Um passeio mágico para colher a beleza de seu canto.
Com muito carinho da Fada do Mar Suave.
Soberbo! Remexeu os porões da alma, sem pedir licença.
ResponderExcluirBeijos, cavalheiro.
Está aí um dos maiores de todos os tempos
ResponderExcluirabraço meu caro!
POETAS BONS ASSIM POETIZAM A PARTIR DO QUE APARENTEMENTE NÃO É POÉTICO. E TRAZEM À SUPERFÍCIE O QUE SE ESCONDE PARA FAZER A FELICIDADE DOS OUTROS. MUITO BOM.
ResponderExcluirUM ABRAÇO E ÓTIMOS ACHADOS, SEMPRE!
Belo texto.
ResponderExcluirbjs
Insana
Voltei para lembrar: aquele mui famoso musical "Os Gatos" é baseado na obra homônima de T. S. Eliot. Ele a compôs para um afilhado. Logo após a publicação, escondeu-se numa casa de campo, com receio da crítica... E deu no que deu.
ResponderExcluirUm abraço.
Olá ...
ResponderExcluirSabias palavras as deste sábio !!!
Passei pra te desejar um ótimo Feriado ...
bjsss
paulo de pipa, suas recolhas brilhantes...
ResponderExcluirsuadades de prosear com voce, amigo.
estamos de volta!