Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo, sem medo. É inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores. É destruir a linguagem, e explodir com ela!
Os poetazinhos que proliferam por aí, nestas horas de kyries e medos mixurucas, não passam de free-lancers do funcionalismo público: poetas, pintam muito pouco.
Poetar é simples. Como dois e dois são quatro, sei que a vida vale a pena... Difícil, é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil, é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair sua poesia que, pensando bem, não vale nada, se você está sempre pronto a temer tudo: menos o ridículo de declarar versinhos sorridentes, e sair por aí, ainda por cima, sorridente mestre de cerimônias, herdeiro da poesia dos que levaram a coisa até o fim, e continuam levando, graças a Deus.
Poesia! Acredite na poesia e viva! E viva ela. Morra por ela se você se liga, mas, por favor, não traia. Resista, criatura! E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar.
Torquato Neto
Acho que muitos deveriam ler isso, como uma lição (um puxão de orelha talvez)
ResponderExcluirTorquato é um gênio, e sem precedentes
É isso aí: sempre vale a pena lembrar Torquato. Um abraço.
ResponderExcluirAté hoje Torquato faz falta, e sinto um vazio pela sua ausência. Adoro. Postarei outras coisas dele na sequência.
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