Obra de Dorian Gray Caldas
Obra de Newton Navarro
Obra de Newton Navarro
Qual é o papel do artista plástico na sociedade? Esta indagação pode não ser respondida, propriamente, neste esboço de ensaio nem no Dia do Artista Plástico, a ser comemorado à larga, em 8 de maio, pela Fundação Cultural Capitania das Artes, mas fica no ar como a espreitar nossa consciência. Levando-se em conta que arte é a revelação e manifestação da essência humana, esquecida em nossa efêmera existência cotidiana, o artista reflete sobre a sociedade, seja para criticá-la, afirmá-la ou superá-la. Arte é espaço. Artista, tempo. Desse coito entre arte e artista, nasce a obra pictórica, rebento iconográfico da nossa história quase sempre mal contada.
Em Natal, outrora Nova Amsterdam, a multiculturalidade papa-jerimum apoia-se desde sempre na fortaleza poligonal em forma de estrela de Gaspar de Samperes e na presença batava de Frans Post, Jorge Marcgrave e Albert Eckhout, desbravadores das nossas paragens/paisagens bio-etnográfico-geográficas.
Até onde a memória alcança e a história confirma, a nossa endovisão pictórica tem início com o classicismo de Moura Rabelo e a Art Déco/Noveau de Erasmo Xavier, extrapolando as divisas potiguares. Precursor modernista, Newton Navarro deglute as vanguardas europeias e regurgita uma nova arte autenticamente papa-jerimum. Abraham Palatnik ensaia o movimento perpétuo via arte cinética.
As digitais de Dorian Gray estão em telas, tapeçarias e painéis espalhados pela Londres nordestina, na expressão de Jomard Muniz de Brito. Há ainda o impressionismo de Thomé Filgueira e o expressionismo de Leopoldo Nelson, ontem. Hoje, o expressionismo reside em Wagner de Oliveira com suas mulheres cablocas do Assu. Debaixo da saia de Socorro Evangelista, destacam-se naturezas mortas vivíssimas. Já em Zaíra Caldas, mana do mestre Dorian Gray, desabrocha o transfigurativismo.
Cajus virgulados de castanhas infestam as telas de Vatenor de Oliveira. O possibilismo de Marcelus Bob e Ítalo Trindade também realça o fazer pictórico no burgo cascudiano. Gilson Nascimento ataca de realismo/naturalismo. Fernando Gurgel a tudo atento investiga e devassa a urbe com suas obras grávidas de significado.
O primitivismo ganha contornos com Djalma Paixão, Estelo, Iaperi Araújo, Jotó, Nivaldo e Thiago Vicente. Figurativismo é sinônimo de Fábio Eduardo e Valderedo Nunes. Assis Marinho franciscanonizado negocia quadros de bar em bar, enquanto que Carlos Sérgio Borges faz aquário das suas telas. Ah, Pedro Pereira cantarola um blues enquanto pinta o seu infinito mundo particular, e Marcelo Fernandes aglutina cores em giz. O grafismo encontra espaço na obra de J. Medeiros. E Helmut Cândido, no céu com seus diamantes e sua falsa demência, foi/é o mais lúcido impressionista louco da Cidade Alta.
Paulo,
ResponderExcluirDe aqui me sinto meio potiguar dagora em diante, poeta. Uma aula! Uma aula impressionante pelas curvas d'arte de Natal! Grato, amigo!
Abraço quase-potiguar,
Pedro Ramúcio.
Obrigadíssimo pelo encômio, meu caro Pedro.
ResponderExcluirCoisa boa tê-lo no frio Nariz de Defunto.
Venha correndo visitar a Noiva do Sol.
Vale a pena.
Ótimo fim de semana e aquele abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmigo Paulo Jorge
ResponderExcluirQue beleza de texto, que beleza de informação!
Fico-lhe muito, muito grata!
Além de aprender, ainda tive um momento delicioso de prazer estético.
Sua prosa é tão linda que traz, como brinde, poesia...
Um forte abraço!