quarta-feira, 9 de março de 2011

Manhã em Cunhaú

A Barra de Cunhaú como ela é


Documento da passagem de Ariano Suassuna por Cunhaú


Manhã que se arremessa vulgar
ante o quebrar da Barra de Cunhaú
e a primeira nau a se bronzear
sob a ferida do sol.

No mirante da história
recolho impressões inúteis sobre coisas, lugares, personas.
Este mar é inconsequente porque lisérgico.
Suas águas transcodificam camarões, gingas, tatuís
num vai e vem de indecisas ondas.

Ao escrivão prenhe de dias banais
resta refazer suas crônicas
encharcadas de vinho velho
e lançá-las ao mar
no afã de encontrar vagos leitores míopes.

6 comentários:

  1. Ah, Paulo Jorge, meu querido, que versos formidáveis você nos dá!
    Ariano Suassuna!
    Barra de Cunhaú nunca mais será a mesma...
    E o evento importante ainda nos oferece a vantagem de servir de inspiração para esse poema tão lindo.
    Acontecimento feliz por duplo motivo!
    Abraço apertado, amigo.

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  2. Um vago leitor (e míope, literalmente) comparece aqui assombrado.
    O mar... Lisérgico, muito bem dito. Às vezes, diante dele, me dá vontade de esquecer história, coisas, lugares e personas, e adentrar por suas ondas hipnóticas rumo ao esquecimento.

    Um belo poema na fronteira entre a natureza e a cultura.

    Um grande abraço, Paulo Jorge.

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  3. Zélia, a foto da Barra de Cunhaú é apenas um detalhe da majestade que é o lugar.
    Lindo demais.
    Vi a faixa saudando a presença do mestre da dramaturgia nordestina e fiz o click.
    Carnaval da paz, amiga.
    Abração.

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  4. Sim, Marco, o mar é lisérgico e todos nós nos deixamos ficar fora do normal quando o contemplamos ou adentramos suas águas.
    Valeu o comentário e aquele abraço.

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  5. o melhor lugar do mundo é aí.
    e agora...

    beijão, poeta da barra do potengi.

    r.

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  6. Bob,
    Aqui, onde indefinido, agora, que é quase quando.
    Quando ser leve ou pesado deixa de fazer sentido.
    Aqui, onde o olho mira, agora, que o ouvido escuta.
    O tempo, que a voz não fala mas que o coração tributa.
    O melhor lugar do mundo é aqui e agora.
    Bjs, meu cronista preferido.

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