sábado, 16 de janeiro de 2010

Conto feito de sêmen


Da sua genitália de grandes lábios suculentos começou a jorrar o líquido viscoso e de cheiro inebriante que logo foi inundando o quarto caudalosamente até nos obrigar a nadar naquele rio de sêmen. Desesperado, com água pelo pescoço, puxei Tétis pelo braço, para fora do quarto, na tentativa de nos salvarmos do iminente afogamento. O líquido não parava de jorrar da fonte. Logo começou a inundar também as casas vizinhas, ruas, avenidas, praças e repartições públicas prostituídas da agora cidade-rio de sêmen.
Tomar um barco de assalto foi a solução para continuarmos vivos. E assim fomos, eu e Tétis, navegando em águas turbulentas. Ao longo do percurso – Deus sabe para onde – ficamos maravilhados com uma nova civilização que surgia à nossa frente. Eram jovens lindos, sadios e menos ignorantes que caminhavam felizes e pulavam sobre as águas e jogavam o jogo da amarelinha. Outros preferiam bater bola ou representar papel para uma plateia ávida por grandes espetáculos.
Prosseguimos o nosso périplo fluvial e não nos cansávamos de nos surpreender com os milagres oriundos daquela civilização neófita. Um simulacro do famoso habitante do Lago Ness, ainda pequeno, fez um leve aceno quando passamos por um condomínio de monstros marinhos. Retribuí a mesura e continuei a remar o barco feito um errante navegante. Tudo isso graças à generosa genitália de Tétis provocadora da enchente – quase tsunami – na nossa vida e cidade.
À certa altura da viagem, comecei a pensar na transitoriedade da vida e como somos limitados diante de uma boceta e de uma enchente. Tétis me deu um desmoralizante tapa no rosto quando olhei de esguelha para uma Nereida que entoava cânticos sedutores. Com a face ardendo em brasa, pedi para Tétis beijá-la. Ela sorriu e deu outro tapa na face oposta. O barco balançou. Adorei. Gosto de equilíbrio desequilibrado.
Depois daqueles tapas me senti tentado a fazer amor com Tétis ali mesmo no barco. Ela não opôs resistência. A embarcação trepidou chamando a atenção dos infantes e dos animais que àquela altura já eram muitos e diversos. O coito durou o tempo suficiente para nos afogarmos naquelas águas tépidas da genitália de Tétis. A aventura – agora subaquática - continuou com mais alguns sobressaltos. Depois de séculos tudo voltou ao normal. Sobretudo a prolífica máquina de fazer sêmen de Tétis.

6 comentários:

  1. Nossa,
    você tá com a bixiga lixa!

    Um abraço.

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  2. Desconcertante esse mundo. Ainda bem.
    Ouvi dizer que Tétis, para alguns, era deusa...

    Abraço!

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  3. No universo da imaginação tudo é possível: esta a irrecusável e assustadora liberdade do artista. Platão temia essa liberdade, daí ter excluído Homero da "República". Ele poderia desestabilizar a comunidade... Vá fundo, Paulo!

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  4. Amiga, bebi timidamente nas águas de Cortázar e Garcia Márquez. Responsa. Abs.

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