sábado, 29 de agosto de 2009

Seribéria


Seridó!...

Co-co-ri-có!...

Ao longo do solo estéril

Há pés afluentes

Meninas de íris turquesa

Cabeleiras algodoais.

Ecoa o canto do galo

E cala o alarido humano

Como por mágico milagre.

Mu! Mu! Mu!

Muge a arte no Prado

Circunspecta, espartana...

Se rir dói.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Fórmula do verso perfeito



O verso perfeito confirma a crença
no bardo ourives, artesão de filigranas
poéticas por excelência

Há no verso perfeito
o ritmo do metrônomo
e a insuspeita sonoridade do silêncio

É possível achar ainda no verso perfeito
a harmonia de um templo budista
e o alinhamento cartesiano dos planetas

Diante do verso perfeito e sedutor
todos hipnotizam
e rendem graves homenagens

Para conquista do verso perfeito
é preciso um punhado de razão cabralina
e uma porção generosíssima de Drummond na alma.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Simonal a 24 quadros por segundo


Finalmente matei a curiosidade e vi hoje à tarde na sala 03 do Moviecom Praia Shopping o documentário Simonal - Ninguém sabe o duro que dei (Brasil, 86 min, 2008). Realizado por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, o filme tenta explicar a tragédia artística e pessoal de Wilson Simonal e, ao mesmo tempo, absolver o cantor acusado de ser colaboracionista do regime militar na década de 1970 e delator de artistas. No auge da fama, rico e famoso, Simonal viu sua carreira desmoronar ao ponto de vir para Natal fazer propaganda para o São Cristovão, um mercadinho de bairro encravado na Cidade Alta, famoso por suas cestas natalinas. Depoimentos a mancheias. De quem realmente era amigo dele, como o cantor Tony Tornado, e de outros que aproveitaram a oportunidade para execrá-lo publicamente, como a turma do Pasquim, especialmente Jaguar e Ziraldo. Aliás, quase a unanimidade dos artistas, gravadoras e meios de comunicação deram as costas para Simonal, omitindo-se. O cantor que encantou a diva Sarah Vaughan passou a ser considerado uma lepra para a classe artística. Tão Brasil! O país não perdoou o sucesso de um negro boa pinta, namorador de loiras e endinheirado. Estava escrito que um dia a casa ia cair. A oportunidade surgiu e as "forças ocultas" destronaram o rei zulu da MPB. Com roteiro impecável, excelente montagem e depoimentos interessantes, incluindo o dos filhos Max de Castro e Wilson Simoninha, confesso que o filme me fez verter lágrimas. Só senti falta de depoimento de João Santana, proprietário do São Cristovão, que deu a mão a Simonal no ocaso, ofertando trabalho e fazendo homenagem ao cantor em Natal que repercutiu nacionalmente. Terminada a sessão, encontro o jornalista Ailton Medeiros e concordamos com a excelência do documentário. Também comentamos O Lóki (Brasil, 120 min, 2008), sobre a vida e obra de Arnaldo Batista, ex-integrante da banda Os Mutantes. Duas cinebiografias para não esquecer.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Balada para uma criança órfã do Afeganistão

Não sei teu nome
tatuado na mão do destino
Nem sequer desconfio que exista felicidade
para além das montanhas
que abrigam o dragão na caverna.
Mas saibas, criança sem nome e nação,
que minha alma latina – eterno porto de abrigo –
canta-a nesta balada final.
Para além de Cabul e Kandahar,
há alguém que ora por ti e teu destino repleto de vazio.
Algum dia, quando os homens cessarem a tirania e a miséria,
talvez te reconheças no recorte da fria geografia do deserto,
e possas, quem sabe, me apontar flores na ponta do fuzil.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Taxidermia

Na madrugada desta segunda-feira tive a oportunidade de assistir em DVD a um filme bizarro, grotesco e medonho. Fazia tempo que não via nada igual. Taxidermia (Hungria, 90 min, 2006) é inspirado nos contos do escritor Lajos Parti Nagy e realizado por György Pálfi. O filme envolve-nos numa insólita e fascinante narrativa, que atravessa várias décadas e nos revela três gerações de homens com obsessões e comportamentos muito peculiares. A história da Hungria e da Europa Central é apresentada por meio da vida de um avô, pai e filho. O avô é soldado do exército comunista na Primeira Guerra Mundial e passa os dias masturbando-se num vilarejo minúsculo e entediante. Esconde-se no banheiro coletivo local para ver as mulheres urinarem e, com a imagem da nudez em mente, se alivia antes de dormir. O diretor não economiza nos barulhos nojentos e cenas repugnantes, como o soldado fazendo sexo com uma leitoa abatida, do pênis sair um jato de fogo e, por fim, um galináceo dando-lhe uma bicada no membro. Ele termina morto pelo comandante e seu filho nasce com um rabo de porco.
Na segunda parte, o filho, já sem o rabo, se torna um obeso mórbido depois de participar, desde criança, de concursos em que o campeão era o que ingeria a maior quantidade de comida. Apaixona-se por uma mulher bem gorda, também competidora na modalidade, e com ela terá uma lua de mel bastante igual a de tantos outros casais – os quilos a mais não impedem o clima romântico, regado a "Samba da Bênção", de Baden Powell e Vinícius de Morais, na interpretação de Bebel Gilberto. Dessa relação nasce o representante da terceira geração, o raquítico taxidermista do título, que passa a vida empalhando animais e a si mesmo, guardando seu próprio corpo para a eternidade.
O roteiro parte de contos escritos por Lajos Parti Nagy; a trilha sonora, muito bela, é assinada por Amon Tobin, compositor que nasceu no Rio de Janeiro e faz parte da vanguarda chique europeia – suas músicas não saem das trilhas das coreografias de Pina Bausch. Enfim, há uma certa sofisticação nos temas, na crítica ao regime comunista, na maneira como a sociedade atual discrimina os obesos, na intricada elaboração dos planos-sequência e no inteligente uso da câmara digital. Mesmo a reconstituição de época e nos cenários estilizados percebe-se que o diretor teve educação tanto cinéfila quanto humanística. Sua verborragia não é acidental nem muito menos gratuita.
Palfi, o diretor, chega a recriar conto de Hans Christian Andersen dentro de um exemplar de "A Menina dos Fósforos", além de conseguir, com um giro de 360 graus numa mesma banheira (plano impressionante), perpassar toda a história e resumir as intenções do filme. Enfim, é o que Peter Greenaway fazia quando ainda estava com gás.
Original, Taxidermia é cativante. Sua narrativa vertiginosa é perfeita para seu universo massacrante do regime soviético e da sociedade atual. Sua “feiúra” é sensual, barroca, tocante, enquanto a beleza é fria, cerebral, anódina. Não é um filme para estômagos fracos, talvez por isso não ter entrado em circuito comercial no Brasil. O filme foi galardoado com vários prêmios internacionais, entre eles o Prêmio do Público na edição do Fantasporto 2007. Precavenham-se de possíveis vômitos. Eu estou me precavendo ouvindo Miucha & Antônio Carlos Jobim, com participação especial de Chico Buarque. Nada como uma noite atrás da outra.

domingo, 23 de agosto de 2009

Boa Noite e Boa Sorte


Enquanto rascunho este texto ouço Dianne Reeves, a cantora protagonista da trilha sonora do ótimo filme Boa Noite e Boa Sorte (EUA, p&b, 93 min, 2005), dirigido por George Clooney. Conhecido do grande público pela atuação em produções hollywoodianas, o novel diretor realizou excelente trabalho ao levar para o celulóide a história do âncora da rede de TV CBS, Edward R. Murrow, interpretado pelo ator David Strathairn, que entra em confronto com o senador Joseph McCarthy ao expor as táticas e mentiras usadas pelo parlamentar em sua caça aos supostos comunistas. McCarthy acaba desmascarado e o maccarthismo enfraquecido. O filme ainda apresenta no elenco Robert Downey Jr, Jeff Daniels e Patricia Clarkson, além do próprio George Clooney. Agora ouço "Pretend", que Nat King Cole gravou em espanhol. Depois vem "Solitude", que também conheço na voz da diva Nina Simone. Reeves refaz todo a atmosfera dos pubs enfumaçados da década de 1950 na América protestante ao cantar um cool jazz de altíssimo calibre. Para a alma não existe coisa melhor. Ou seria para o espírito? Por falar em cinema, ontem revi Jesus de Montreal (Canadá, 118 min, 1989), do realizador canadense Denys Arcand. Arcand é um dos melhores diretores do continente. Superior a muito norte-americano metido a gênio e a galo cego. De Arcand também assisti a O Declínio do Império Americano (Canadá, 101 min, 1986) e ao fabuloso As Invasões Bárbaras (Canadá, 99 min, 2003). Biscoito fino para a massa. Aff! Agora toca uma versão instrumental de "When I Fall In Love". Meus sais, doutor Eduardo Hipólito, meus sais. É melhor eu parar neste ponto antes que a tarde caia e eu fique tentado a conhecer o Nirvana.

sábado, 22 de agosto de 2009

Desventura


Da marquise do tempo
Observo esses poetas dolentes
Grávidos de tangos e tragédias.
Que um anjo os abençoe, porque a mim me resta
Sublimá-los com fina pena e tinta.

O que será desses poetas,
Quando secarem as lágrimas turvas do rio?
Será que vão chorar
Sob a lua na sarjeta?
Ou cantar uma canção desesperada?

Desafortunados os poetas
Que perdem o dom da esperança;
Enquanto contemplam o sol
Perder-se no infinito
Tornado arrebol da ilusão.

A partida do sol
Traduz a perda da mulher amada
Outrora idolatrada em noite de luar,
Quando a alma parecia reacender
A chama do amor esconso.

E é nessa desilusão
Que o poeta veste a cidade
De versos melancólicos;
Rebentos de sua dúbia ironia
De viver e de morrer sutilmente.

Brigam Espanha e Holanda...


Brigam Espanha e Holanda

Pelos direitos do mar

O mar é das gaivotas

Que nele sabem voar

O mar é das gaivotas

E de quem sabe navegar.

Brigam Espanha e Holanda

Pelos direitos do mar

Brigam Espanha e Holanda

Porque não sabem que o mar

É de quem o sabe amar.

Leila Diniz

Do livro: "Leila Diniz", Editora Brasiliense, 1983, SP

O Buraco é mais embaixo...


Sim, caríssimos, o Buraco é mais embaixo. É na rua Câmara Cascudo. Lá na Ribeira velha. Só podia ser. O Mestre inspira até bebum de calçada. Acabo de chegar da Catita. Do Buraco da Catita. Muvuca total. Abertura com jazz dentro do Buraco. Depois choro fora do Buraco. Haja buraco para enfiar catitas. Mulheres lindas. Per fumadas. Quão linda é minha raça contemporaniguar. Preliminar para Brasil e Holanda no vôlei fé menino. 03h30 de la madruga. Holandesas de íris turquesa. Cor do céu? Mas Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar. Poema de Leila Diniz reproduzido no álbum "Sentinela", de Milton. Com recitação da própria Leila. Bela, bela. Mais que bela. Mas como era o nome dela? Não era Helena, nem Vera. Nem Nara, nem Gabriela... Sim, Venha ser feliz, Leila, venha, canta Bituca em "Minas", álbum supremo de toda a Música (im)Popular Brasileira. Disco para quem sabe. Para refinados. Para quem gosta de música progressiva, não necessariamente rock progressivo que ouço há 34 anos. Hoje à tarde, Siciliano, livros e café. Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar. Afogado estou.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fome de dúvida poética


(Ao som de John Maclaughlin)

a poesia está posta à mesa.
devoremo-la.
mas o que é poesia?
uma réstia de cebola?
o sentimento do mundo?
o sentido da vida?
quando, por acaso, algum dia,
decifrarmos a poesia,
se isso for possível,
varreremos os poemas dos livros
e os poetas do mundo.
assim, não tentemos compreender
o que por si só se explica.
tratemos, sim, de vestir o avental
e assar poemas - como o padeiro
dá à luz ao melhor croissant.
no forno todos os versos são cálidos.
o resto os intestinos digerem.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Como voam os anjos


Quando eu me matar,
O que será do meu cãozinho proletário?
E os da Vila de Ponta Negra,
Com suas rabugens crônicas?
Deles só espero a morte
Num pneu de ônibus,
Ou num bolinho de carne com vidro moído.

Quanto a mim,
Partirei com a branda asfixia do cânhamo
A aplacar minha agonia de viver.

Quando eu me libertar,
Não terei mais amor nem ódio
Perdido na amplidão.
A morte sublima a liberdade.
Ah! Quanta inveja dos cães vadios
E da liberdade deles.
Quanto invejo!

Bocas Que Murmuram



As bocas vão murmurar amanhã, em Palmeira dos Índios, Alagoas. Registro isso cheio de orgulho, porque uma peça de minha autoria será apresentada em mais um Estado brasileiro, contando a história de dois jornalistas que dialogam numa redação de jornal, discutindo questões relevantes para a categoria, como a ética, a liberdade de imprensa (?) e a remuneração. Ainda recebem a visita do Editor-geral e do deputado Chip Baccarat. Numa próxima atualização, prometo incluir a discussão da obrigatoriedade ou não do diploma, derrubada pelo STF de Gilmar Mendes. A montagem alagoana é pela Cia. Teatral Mestres da Graça, que ainda apresentará a peça no próximo sábado (22), em Maceió. A ideia da Cia. é ficar em cartaz até abril de 2010. Contando no elenco com os atores Marcos de Holanda, Concita Alves, Paulo Jorge Dumaresq (dublê) e Edinho Azevedo, a primeira montagem de Bocas Que Murmuram (1992), segunda peça de minha autoria, foi levada ao palco do Teatro Municipal Sandoval Wanderley em abril de 1993, pela extinta Cia. de Repertório do Riso ao Pranto, fundada por mim. Naquela época tinha o firme propósito de tornar a trupe uma companhia de repertório de verdade. Mas 16 anos depois só restam cinzas. Afora Natal, a peça recebeu montagem em Andaraí (BA), Curitiba (PR), Jandira (SP), Juazeiro (BA), São Paulo (SP), e agora em Palmeira dos Índios (AL). Merda para a trupe e que também quebrem uma perna.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Poema do mar


Urge a noite avance,

Dissipe esse resquício de dor;

Antes que eu esmoreça

Nessa solidão de faroleiro.


A minha luz te distingue

Das outras embarcações;

Direciona-te para algum porto seguro

Mesmo que seja além-mar, além mim.


Acima dos cúmplices sinais,

Penso em tágides imaginárias

E em náufragos - Cruzoés

Da última terra à vista.


Mas a tua alabastrina imagem

Ainda me parece vento brando,

Que me esculpe e me imortaliza

Tal qual imagem sagrada.

A Chinesa & Outros papos


Ontem, domingo não totalmente desenxabido e quase segunda-feira, tentei ver pela segunda vez o filme A Chinesa (La Chinoise, França, 96 min, 1967), do visionário cineasta francês Jean-Luc Godard. Em vão. Novamente o DVD adquirido no sebo Sétima Arte travou deixando-me puto da vida. Aliás, não faz muito tempo, outro filme comprado naquele quiosque do camelódromo da Cidade Alta apresentou o mesmíssimo problema. Assistia todo faceiro à obra Sede de Paixões (Törst, Suécia, 84 min, 1949), do cineasta sueco Ingmar Bergman, e lá para as tantas a imagem congelou. É lasca, Paulista. Tem que melhorar a qualidade. Ôrra, meu. Por caridade. Não perca sua galinha dos ovos de ouro por desleixo ou relaxamento. Voltando à Chinesa, até onde vi, pareceu-me espetacular. A narrativa não formal, com pitadas de metacinema, influenciou até o cinema marginal de Julio Bressane e seu fantástico O Anjo Nasceu (1969). A Chinesa antecipa o maio de 68 francês ao discutir temas como Mao, maoismo, revolução cultural, marxismo-leninismo e o próprio socialismo, tendo por enredo um grupo de jovens estudantes franceses que planejam ações terroristas. Maoismo, marxismo-leninismo e congêneres são correntes/doutrinas políticas que hoje considero deploráveis e completamente anacrônicas. À parte esse delírio godardiano, o filme pareceu-me mais uma obra-prima do mestre da Nouvelle Vague. Destaque para o sempre competente ator Jean-Pierre Léaud, ícone de uma geração. Agora pretendo adquirir o original e passar bom tempo sem aparecer no Sétima Arte. À tarde, ouvi ainda dois ótimos CDs. Foram pinçados da minha discografia The Animals - Don't Bring Me Down (1965), que traz nos extras as faixas See, See, Rider, imortalizada por Elvis, e I Just Want Make Love To You, gravada por meio milhão de grupos e solistas, e o Carlos Bem - Diversidade (2008), que me surpreendeu positivamente. As postagens continuarão. Amanhã tem mais coisa. Por hoje c'est tout.

domingo, 16 de agosto de 2009

Torquato


aBrInDo O gÁs

informações gerais para quem se liga : à deriva na douda navilouca da poesia, torquato neto fez o diabo a quatro. terror! terrir... #putresco# o meta(eu)fórico letrista/poeta da tropic(g)ália além da imagem/ação: deus é precipício, bradou na última hora antes do fim. nosferatu: nós/torquato. ivamps sob o sol de ipanema/kínema. superoito & meio. meia palavra bosta. kaos/ordem na urbe. apocalipopótese. à margem da marginália, um poeta desfolha a bandeira no uni verso bregazil. aqui é o fim do mundo! metáfric@. mas um pó é tá não se fax com verSOS. é antes o risco de morrer jovem e gaseificado na geleia/diarreia geral, no absurdo da con-di©ção humana. vidências/demências tropicamericanas: oiticica... bressane... pignatari... pimentel... sailormoon... sganzerla... cae-gil nos campos de guerra & paz. ektachrome kodak. amumiavoltatacar. o novo do novo é o ovo: glauber rocha já era. a onda será cardoso/mojica. planos gerais sobre a paisagem proibida. os últimos dias de paupéria por um fio: “eu tentando lutar contra a tragédia o abismo a catástrofe e, ao mesmo tempo, apaixonado por ela”. fecha aspas e abre o gás. fa-tal. parte na espaçonavilouca entre nuvens de butano e poeira, tal qual um negro anjo. era um rapaz de 28 anos. pureza é um mito, torquinha.
the end!

Domingo demasiado desenxabido






Madrugada de domingo. Neste início de blog tudo cá é experimental; sobretudo, a primeira postagem abaixo. Ainda patino, derrapo. Aventureiro de aventuras frouxas. Frouxo eu, frouxo você. Aguardo o lusco-fusco da manhã entretido no monitor do PC. Hoje não quero ouvir pastor nas madrugadas eletrônicas da TV. Pode ser o vôlei feminino Brasil X Coréia do Sul, às 05h30? Talvez. Creio que não/sim. Dormir é melhor. À tarde, cigarrilhas e música no DVD Player. Ou "Hitler no Terceiro Mundo", obra de José Agripino de Paula, em casa de Rod Hammer? E "Um Corpo Que Cai" na lama? Hitchcock? Alguém se atreve? Noite? Programas televisíveis. Quase todos previsíveis. Revisão de texto. Talvez. Textículo. Saliento salivando. Ontem, sábado, vi coisas mágicas na Siciliano. Bandeira, Buarque, Leandro de Castro, Márquez, Shakespeare... "Fiquei safado da vida." Por onde anda Moacy Cirne que não me manda um e-mail não previsível? Sábado e domingo de pernas de fora, de dentro, narizes de porcelana, de giz, de defunto. Enfim, defuntos defumados. Deformados? Humanos passando e o sono não chegando. Quero imagens. Alguém me dá um punhado delas? Preciso postar/pastar/pastor isto. Peças bombando. Quarta (19), Bocas Que Murmuram murmurarão na Palmeira dos Índios e, sábado (22), em Maceió. Bombas caindo. Não tenho sono. Vou postar assim mesmo, mas não vou acender agora. Devaneios. Elucubrações. Indo... Vindo... Fluindo... Findo... Fui...

Miragem


Sertão
Ser tão grande ócio
Do Seridó ao umbigo
Tal qual jazigo sonhado
Por macambiras e bichos-preguiça

Entre Caicó e o infinito
É tudo tão tamanha sina
Que alucina o errante argonauta

Da rasa caatinga
Brotam messiânicas esperanças
Sob céu purpúreo de lirismo

Sertão
Ser tao de grande vereda
Onde convivem humanas catervas
E rebanhos nutridos de indigência
Na vã esperança de escaparem do abate