quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Simonal a 24 quadros por segundo


Finalmente matei a curiosidade e vi hoje à tarde na sala 03 do Moviecom Praia Shopping o documentário Simonal - Ninguém sabe o duro que dei (Brasil, 86 min, 2008). Realizado por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, o filme tenta explicar a tragédia artística e pessoal de Wilson Simonal e, ao mesmo tempo, absolver o cantor acusado de ser colaboracionista do regime militar na década de 1970 e delator de artistas. No auge da fama, rico e famoso, Simonal viu sua carreira desmoronar ao ponto de vir para Natal fazer propaganda para o São Cristovão, um mercadinho de bairro encravado na Cidade Alta, famoso por suas cestas natalinas. Depoimentos a mancheias. De quem realmente era amigo dele, como o cantor Tony Tornado, e de outros que aproveitaram a oportunidade para execrá-lo publicamente, como a turma do Pasquim, especialmente Jaguar e Ziraldo. Aliás, quase a unanimidade dos artistas, gravadoras e meios de comunicação deram as costas para Simonal, omitindo-se. O cantor que encantou a diva Sarah Vaughan passou a ser considerado uma lepra para a classe artística. Tão Brasil! O país não perdoou o sucesso de um negro boa pinta, namorador de loiras e endinheirado. Estava escrito que um dia a casa ia cair. A oportunidade surgiu e as "forças ocultas" destronaram o rei zulu da MPB. Com roteiro impecável, excelente montagem e depoimentos interessantes, incluindo o dos filhos Max de Castro e Wilson Simoninha, confesso que o filme me fez verter lágrimas. Só senti falta de depoimento de João Santana, proprietário do São Cristovão, que deu a mão a Simonal no ocaso, ofertando trabalho e fazendo homenagem ao cantor em Natal que repercutiu nacionalmente. Terminada a sessão, encontro o jornalista Ailton Medeiros e concordamos com a excelência do documentário. Também comentamos O Lóki (Brasil, 120 min, 2008), sobre a vida e obra de Arnaldo Batista, ex-integrante da banda Os Mutantes. Duas cinebiografias para não esquecer.

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