domingo, 16 de janeiro de 2011

Personas, paisagens, passagens

Uma atriz grega de nariz aquilino é quase tão irreal quanto a feia tenista russa que namora meninas negras.

Há sombras na morte do mito.

Tudo é paisagem, passagem que não se cobra.

Na minha solidão vermicular vejo o modo como todos passam

ou permanecem na vitrina das lojas de inconveniências.

Não sei se isso é um poema.

Foi a necessidade que o fez falo para amenizar o sofrimento de velhas senhoras carentes de sexo anal/anão.

Enquanto a madame desfalece sob o corpo do garotão sarado, ouço uma canção de Sinatra no táxi do motorista viciado em heroína.

Essa cena não faz parte de um filme de Jarmusch.

Sem Sinatra e heroína, talvez sim.

Não acreditem nos poemas.

Escritos por míopes desfiguram a real idade de mitos e urbes.

Peço-lhes que só creiam nos poetas encantadores de palavras.

Menos nos traficantes de armas estilo Rimbaud.

Aqueles podem acabar com um carcinoma no joelho.

E eu com a pecha de mau poeta ressentido.

Ou não aedo.

Não grego.

Nunca poietés.

8 comentários:

  1. Paulo Jorge!
    Paulo Jorge!
    Paulo Jorge!
    Que show!
    Espetacular até não poder mais...
    Você é encantador de palavras!
    Abraço bem apertado, meu amigo, grande poeta!

    ResponderExcluir
  2. Até aos meus olhos incrédulos, estilo São Tomé, isso é um poema, e dos bons. Todas as referências são inspiradas; e essa ao Rimbaud traficante de armas inspiradíssima!

    Bem,vou tentar reforçar a minha descrença nos poemas.

    Grande abraço, Paulo Jorge.

    ResponderExcluir
  3. Caríssima Zélia, honra receber um elogio seu que admiro e enalteço como excelente poetisa.
    Receba o meu abraço, amiga, e grandes poemas para você.

    ResponderExcluir
  4. Valeu, Juan.
    "Mosaicos" adornam paredes.
    Há braços.

    ResponderExcluir
  5. Marcantonio, como sua palavra é lei neste blog, estou começando a crer que o escrito acima é um poema.
    Agora não tenho mais motivo para não acreditar.
    Fortíssimo abraço, poeta maior.

    ResponderExcluir
  6. Eu já peço para creiam nesses que escrevem rasgando, transbordando, e nos fazendo querer lê-los mais! Vc é desses, e amei esse poema-prosa-recorte ;)

    Beijo.

    ResponderExcluir
  7. Larinha, eu que amei seu comentário.
    Excelentes poemas em 2011.
    Quero acompanhar tudo.
    Bjs.

    ResponderExcluir