sábado, 21 de maio de 2011

Cinco poemas de Cacaso


estações

Do corpo de meu amor
exala um cheiro bem forte.

Será a primavera nascendo?


ah!

Ah se pelo menos o pensamento não sangrasse!
Ah se pelo menos o coração não tivesse
[memória!
Como seria menos linda e mais suave
minha história!


alquimia sensual
Tirante meus olhos e mãos
quero me transformar em seu corpo
com toda nudez experiente
do passado e do presente
E naquela noite
entre suspiros
terei aguardado a hora incrível
de tirar o sutiã


busto renascentista
Quem vê minha namorada vestida
nem de longe imagina o corpo que ela tem
sua barriga é a praça onde guerreiros
[se reconciliam
delicadamente seus seios narram
[façanhas inenarráveis
em versos como estes e quem
diria ser possuidora de tão belas omoplatas?
feliz de mim que freqüento amiúde e quando posso
a buceta dela


capa e espada
meu amor sentindo-se incapaz de ser amada
levanta herméticos escudos e duendes a qualquer
dádiva
que de mim — ai de mim! — possa brotar
nada mais ameaçador que os olhos do amor


CACASO (Antônio Carlos Ferreira de Brito)

10 comentários:

  1. Cacaso é foda mesmo.
    Excelente poeta e letrista da MPB.
    Beijos nas suas asas, Cris alada.

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  2. poemas maravilhosos,
    sutis e transparentes.

    forte abraço,
    camarada.

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  3. Caramba! Que saudade de ler esse gênio! Um turbilhão de memórias me vieram. E o agradeço por isso, Paulo! Abraços.

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  4. Paulo Jorge, meu querido
    Nada mais ameaçador que os olhos do amor: que verso!
    Grata pelo presente, amigo!
    Tenha um domingo "daqueles que ninguém precisa dizer que é domingo".
    Abraço apertado.

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  5. Os poemas de Cacaso são isso tudo mesmo, Domingos.
    Aquele abraço.

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  6. Fred, compartilhar boa poesia é preciso.
    Abraço grande.

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  7. Bom que gostou, Zélia.
    Também deguste um domingo "daqueles".
    Forte abraço, querida.

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  8. vou mandar esse link pro poeta fouad talal, fã sem carteirinha de cacaso, que foi um dos maiores poetas da sua geração.

    beijao,

    r.

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  9. Mande mesmo, Bob.
    Desde já, agradecido.
    Beijão procê.

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