segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"1969" antecipa o fim do sonho americano


"1969 - O ano que mudou nossas vidas" (1969, EUA, 1988) não teve o mesmo impacto de "Easy Rider" ou "Hair" na época do lançamento, mas tem o espírito revolucionário dos anos 60. Aborda temas comuns a ambos os filmes - revolução de costumes, contracultura, drogas, rock and roll, Vietnã -, sem se aprofundar muito. Ainda bem. Podia ter ficado chato ou pretensioso. Admiro o filme e o escolhi para preencher minha noite de segunda-feira. No condado de Culloch, interior dos EUA, os ecos da contracultura ainda não haviam chegado no início de 1969, exceto para os amigos Ralph (Robert Downey Jr.) e Scott (Kiefer Sutherland), que após cursarem a faculdade irão se defrontar com a dura e conservadora realidade que os aguarda. Com os ventos da revolução cultural americana já soprando e fazendo barulho, os dois amigos pegam a estrada, experimentam drogas e dão um tempo numa comunidade riponga adepta do naturalismo. Isto entre idas e vindas. No meio do furacão, a bela Beth (Winona Ryder), irmã de Ralph, observa o mundo e suas mudanças enquanto também muda aos poucos de menina para mulher. Há ainda o irmão de Scott, Alden, interpretado pelo ator Christopher Wynne, que parte para o Vietnã e abre feridas e deixa sequelas na família. Resultado: volta num caixão com a bandeira americana estirada em cima. O filme chama a atenção para a paz, mesmo a maior nação do planeta enfrentando na ocasião uma guerra feroz que a desmoralizaria perante a própria sociedade estadunidense e o resto do mundo. Lá para as tantas Ralph é preso por ter invadido um prédio do governo para surrupiar a ficha de identificação que certamente o levaria para o Sudeste asiático. Ainda rola um rolo entre Scott e Beth para a indignação de Ralph. Dirigido por Ernest Thompson, o drama, conforme sugere o crítico Rubens Ewald Filho, é autobiográfico. Sorte dele ter vivido a falsa Era de Aquário, onde o lema sexo, drogas e rock and roll atingiu seu ápice. O filme revela boas atuações de Robert Downey Jr. e Kiefer Sutherland. Abro um parêntese para a trilha sonora. Aí a porca torce o rabo. Blind Faith, Canned Heat, Cream, Crosby, Stills, Nash & Young, Jimi Hendrix, The Animals, The Zombies são algumas lendas do rock and roll que permeiam o drama do início ao fim. O melhor que o estilo produziu na década de 60. Fica a dica. Eu gostei e indico. Alguém conhece o filme? Se não, vale a pena conferir.

4 comentários:

  1. Paulo,
    O ano que mudou minha vida foi 1970, ali eu nasci...
    Sempre um prazer passear pelo "Nariz", amigo das dunas...

    Abraço sudamericano,
    Pedro Ramúcio.

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  2. Eu não conhecia não, Paulo Jorge... Mas já está na minha lista. Assim que puder, vou assistir!!!

    Beijinhos e saudades...

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  3. Pedro, como bom mutante estou sempre em constante mutação. Todo dia tento mudar para não morrer de tédio. Poeta, grande abraço diretamente da barra do rio Potengi.

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  4. Adri, "1969" é muito bom filme. Não tem/teve o mesmo impacto de "Easy Rider" e "Hair", mas é do balacobaco. Assista mesmo. Saudades e beijos recheados de contracultura.

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