quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq lança livro com duas peças teatrais

No ano em que completa duas décadas de militância na literatura dramática, o dramaturgo e jornalista Paulo Jorge Dumaresq lança o livro Repouso do Adônis – Bocas que murmuram, pela Coleção Cultura Potiguar, selo da Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto (Secultrn/FJA).

Editado pela Gráfica Manimbu, o livro apresenta as primeiras peças de Paulo Jorge Dumaresq escritas na década de 1990, quais sejam a comédia nordestina Repouso do Adônis (1991) e a tragicomédia Bocas que murmuram (1992), ambientada numa redação de jornal. Repouso do Adônis, por exemplo, já foi montada em várias cidades brasileiras e portuguesas, destacando-se a montagem na Ilha dos Açores.

A comédia Repouso do Adônis (1991) é ambientada em bordel decadente de cidade de pequeno porte no interior do Estado do Rio Grande do Norte. Aborda a questão do poder e de seus desdobramentos no universo sociocultural do Nordeste. A secular relação opressor/oprimido é apresentada como modelo fidedigno da cultura da região desde a sua fase de colonização.

O enredo tem início quando o Delegado Antão, ao saber que Dona Violeta, proprietária do Repouso do Adônis, hospeda sobrinha no cabaré, passa a chantagear a cafetina no intuito de possuir a adolescente Glorinha. Por seu turno, Violeta faz acordo com o boêmio e desocupado Sevé para desmascarar o Delegado.

Repouso do Adônis é a primeira peça do dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq. Neste ano da graça de 2011 completa 20 anos de escrita. Mas só 12 anos depois de elaborada, a comédia teve a sua primeira encenação. Estreou em 10 de dezembro de 2003, em Ilhéus (BA), numa montagem do Grupo de Teatro Do Pranto ao Riso, com direção de Paulo Costa. A montagem ilheense despertou o interesse de diversos grupos e companhias teatrais do país, pois, a partir daquela data, a peça não parou mais de ser encenada no Brasil e em Portugal.

Merecem destaque, também, as montagens de Lucas do Rio Verde (MT), Gurupi (TO), Santarém, Freguesia de Medas (Concelho de Gondomar, Portugal), Lajes do Pico (Açores, Portugal), Barra Bonita (SP), Pirapozinho (SP), Colombo (PR), Curitiba, São Paulo, Sorocaba, Fortaleza, Freguesia de A-dos-Negros (Concelho de Óbidos, Portugal), Mogi das Cruzes e Caxias do Sul.

Bocas que não querem calar

Bocas que murmuram é uma tragicomédia ambientada na redação do Diário Incomunicante, edificado em cidade de médio porte na região Nordeste. A peça estabelece contraponto entre dois jornalistas de ideologias distintas. No caso, Alexandre, de formação direitista, e Vladimir, um esquerdista atuante. No decorrer da trama, os jornalistas ora afirmam suas posições, ora se contradizem, num jogo psicológico que inclui ainda o Editor do jornal e o deputado Chip Baccarat.

Questões relevantes para a classe jornalística, tais como ética, liberdade de imprensa e remuneração salarial são abordadas de forma contundente pelos dois profissionais. A intenção de Bocas que murmuram é questionar, à luz do teatro, o problema da manipulação da informação, prática comum na imprensa mundial, independentemente de regime ou ideologia política. Em outras palavras, alertar aos que desejam uma imprensa livre sobre as armadilhas do poder econômico e político, preocupado apenas em fazer valer seus intentos.

Esta tragicomédia estreou no Teatro Municipal Sandoval Wanderley, em Natal, na primavera de 1993, numa montagem da Cia. de Repertório Do Riso ao Pranto. A direção ficou aos cuidados de Paulo Jorge Dumaresq. No elenco, os atores Marcos de Hollanda (Alexandre), Concita Alves (Vladimir, Editora), Paulo Jorge Dumaresq (Chip Baccarat) e Edinho Azevedo (Office Boy, Jornaleiro). Por culpa de uma proposta de dramaturgia engajada, a peça recebeu também montagem em Curitiba, Jandira (SP), Andaraí (BA), Juazeiro da Bahia, Içara (SC) e Palmeira dos Índios (AL).

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