segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Autos para quê? Para quem?

Cerimônia ecumênica no auto "Jesus de Natal"
Nunca a política do "pão e circo" [no (o)caso de Jerimumlândia, mais circo que pão], implantada pelo imperador romano Octávio César Augusto, na Roma antiga, foi levada tão a sério em Natal. Refiro-me aos autos natalinos que, neste ano da graça de 2009, são três. Na qualidade de pagador de impostos (prefiro pagar promessas), questiono a dinheirama gasta com esses espetáculos politiqueiros que só servem para alienar a população da cidade. Cada auto estatal não sai por menos de R$ 400 mil. Juntando o montante investido nos dois autos daria para montar quantas peças de teatro? Quantos CDs poderiam ser gravados? com uma verba que, certamente, ultrapassa um milhão de reais. Espetáculos de dança, quantos? E por aí segue.


Considero três autos natalinos (o outro é particular, mas com dinheiro de renúncia fiscal) uma excrescência, um despautério, quando sei que no resto do ano os artistas da cidade são tratados a pão e água. Quando muito. As fundações culturais nunca têm verba para nada. E é incrível como a grana aparece magicamente nos dois últimos meses do ano. Óbvio ululante que atores, bailarinos, músicos e demais profissionais envolvidos nos autos, se lessem este post - algo difícil de ocorrer, pois se trata de um blog sem eira nem beira -, não concordariam com minha opinião. Preferem a esmola estatal sagrada de todo fim de ano a reivindicarem uma política cultural que priorize a dramaturgia, o teatro, a dança e a música produzidos em Natal e no Estado nos doze meses do calendário.


Repito a pergunta: quantos bens culturais materiais e imateriais poderiam ser produzidos com a dinheirama investida nos autos? Espero que alguém pense nisso antes de levantar a bandeira desses espetáculos a céu aberto. Em tempo: dirigi o Auto do Natal 2005, que agora se chama "de Natal", com texto primoroso do poeta, escritor e teórico das HQs, Moacy Cirne. E assumo que estou cuspindo no prato, sim. Tem mais não.

2 comentários:

  1. Paulo,

    Seu artigo está ótimo e, mesmo sem a sua autorização formal, publiquei no www.natalpress.com. Caso você não queira, peço que me avise e aceite desculpas.

    Minervino Wanderley

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  2. Autorizo, Minervino. Sem problema. Abraço e
    ótimo Natal.

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