sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"Bastardos inglórios" traduz mediocridade de Tarantino


Para quem ainda não foi ao cinema assistir Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, França/Alemanha, 153 min, 2009) vale a dica: não espere um filme de guerra à feição tradicional. O celulóide do diretor Quentin Tarantino é, antes, uma obra de invenção cinematográfica bem-humorada, para não dizer comédia, sobre os primeiros anos da ocupação da França pela Alemanha. Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). A menina escapa por pouco da chacina e foge para Paris, onde assume uma identidade falsa e se torna proprietária de um cinema.


Em outro lugar da Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados americanos judeus para praticarem atos violentos de vingança. Posteriormente chamado pelo inimigo de “Os bastardos”, o esquadrão de Raine se une à atriz alemã Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. O destino conspira para que os caminhos de todos se cruzem no cinema de Shosanna, onde ela pretende colocar em prática seu próprio plano de vingança.


Bastardos Inglórios é um autêntico Tarantino: ação, humor, violência, vingança e citações/homenagens a filmes clássicos e/ou trash. Os diálogos são interessantes e até tentam apoiar a frágil narrativa, mas não conseguem porque a fragilidade (da narrativa) é tanta que o filme acaba naufragando em águas calmas. A grotesca caracterização de Hitler e Goebbels tenta ridicularizar todos os tiranos mundiais. Até consegue, arrancando risos na plateia. É pouco. Considerado o filme "maduro" do diretor, Bastardos Inglórios conta com elenco estelar, tendo como principal nome o canastríssimo Brad Pitt (talvez um dos piores trabalhos do galã).


Quentin Tarantino definiu seu filme como um spaghetti western feito com a iconografia da Segunda Guerra Mundial. Sua intenção era homenagear um subgênero, o ‘macaroni combat’, representado por Enzo G. Castellari em Quelo Maledeto Treno Blindato (Inglourious Basterds), de 1978. Tarantino adora colagens musicais. Como a maioria dos seus filmes, a trilha de Bastardos não foge à regra. Resumo da ópera: uma obra para divertir casais de namorados. Nada mais que isso. Ainda fico com Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, EUA, 99 min, 1992).


2 comentários:

  1. Preferi Pulp Fiction, mas Cães de Aluguel é bom também. De certa forma, Quentin está mais preocupado com Cannes ultimamente. Acho que quer chegar ao luxo via lixo. Mas tem salvação. Espero! Abraços!!!

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  2. Gostei de você como crítico de cinema,Paulo Jorge! Faz bem.Um abraço.

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