domingo, 8 de novembro de 2009

Poema de Zila Mamede

Bois dormindo


A paz dos bois dormindo era tamanha

(mas grave era tristeza do seu sono)

e tanto era o silêncio da campina

que ouviam nascer as açucenas.



No sono os bois seguiam tangerinos

que abandonando relhos e chicotes

tangiam-nos serenos com as cantigas

aboiadeiras e um bastão de lírios.



Os bois assim dormindo caminhavam

destino não de bois mas de meninos

libertos que vadiassem chão de feno;



e ausentes de limites e porteiras

arquitetassem sonhos (sem currais)

nessa paz outonal de bois dormindo.



Zila Mamede

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