quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Câmera Cascudo


Amanhece na Ribeira
Entoam os pássaros o cordel
Passam homens gritando o pregão
Levita o bonde acima dos trilhos progresso
E os escoteiros cantam o mesmo estribilho.

A tudo retina Cascudo. Olhos atentos lançados aos livros, ao cais, ao rio.

Cai a tarde na Junqueira Aires
Entardece no Potengi
Tilinta longe o chocalho do boi-calemba
Há barulho de tiros de fuzil no ar
E a televisão exibe sexo explícito e violência.
Da sacada, enquadra o mundo Cascudo, baforadas no charuto
E as mãos bailando no teclado.

É noite na Natal velha
Sublima-se o firmamento
Ilumina a lua cheia a cidade
Jejuam as prostitutas nas travessas
E a surdez dos homens é absoluta.

Flutua Cascudo entre nuvens de tabaco e monóxido de carbono,
Turva está a vista,
E carnavalizado o folclore.

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